Eduarda Pires Domingos, de 24 anos, natural de Imbituba, denunciou o ex-companheiro André Luiz Salvador, de 27 anos, também natural da cidade, por agressões físicas, violência psicológica, cárcere privado, ameaças e extorsão. O caso veio à tona no sábado (14), após seu irmão, que reside em Portugal, publicar vídeos em sua rede social mostrando o estado da jovem e relatando os abusos que ela teria sofrido.
Isolamento, controle e ameaça constante
Nos vídeos publicados por seu irmão no Instagram, ele mostra Eduarda com hematomas no rosto e no corpo. Ele afirma que ela foi mantida em cárcere privado por André Luiz Salvador por semanas, durante as quais o acusado teria tomado controle total da vida dela.
Segundo o relato, o agressor quebrou o celular de Eduarda, excluiu suas redes sociais e manteve seu WhatsApp ativo em outro aparelho, usando-o para se passar por ela. Durante esse período, familiares e amigos teriam sido afastados por mensagens agressivas enviadas supostamente por Eduarda, mas que, na verdade, teriam sido escritas por André.
Seu irmão relatou que todas as tentativas de contato com a jovem eram controladas pelo acusado, que sempre a acompanhava. Ele também revelou que Eduarda foi ameaçada com arma de fogo, dopada com medicamentos e impedida de sair de casa. A situação só foi revelada após ela conseguir enviar uma mensagem de socorro via Instagram.
Relato da vítima sobre o controle e as agressões
Em um vídeo gravado em 11 de junho, Eduarda afirmou que não podia se comunicar com ninguém, assistir filmes com personagens masculinos ou sequer olhar para outras pessoas sem sofrer algum tipo de agressão. Ela relatou que ainda sentia dores físicas e que seu estado emocional estava extremamente abalado.
Eduarda confirmou que seu celular havia sido destruído por André, que também excluiu suas redes sociais. Ela descreveu que todo contato com o mundo externo era controlado por ele, que mantinha o WhatsApp dela ativo em outro aparelho e simulava conversas com familiares e amigos como se fosse ela mesma.
Vídeos posteriores mostram a vítima ao lado do acusado
Após os vídeos de denúncia ganharem repercussão, novas gravações foram publicadas no perfil @eduardapluizs, no Instagram. Neles, Eduarda aparece ao lado de André Luiz Salvador, dizendo que voltou a se relacionar com ele por vontade própria. Ela afirma que ninguém a forçou a retornar e que procurou o acusado por conta própria.
Nas gravações, Eduarda também relata que, após as agressões, tentou retomar a convivência com sua família, mas foi impedida de sair de casa e chegou a registrar um boletim de ocorrência contra a própria mãe. Ela conta que fugiu de casa durante a madrugada, caminhou por quilômetros e reencontrou André. Em um dos vídeos, chega a dizer que “mereceu” a agressão por uma suposta traição e pede desculpas às mulheres que se sentiram ofendidas por sua decisão de reatar o relacionamento.

As declarações nos vídeos causaram preocupação entre os internautas, que passaram a questionar se Eduarda estaria sendo coagida emocional ou psicologicamente. Muitos apontaram sinais de dependência e medo, considerando o histórico recente de agressões e controle relatado por ela mesma dias antes.
Boletim de ocorrência registra agressões e uso de dados bancários
No dia 10 de junho, Eduarda registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Imbituba. No documento, ela declara que sofreu agressões físicas e foi forçada a fornecer dados bancários, senhas e autorizações para que André Luiz Salvador movimentasse contas em seu nome. O acusado teria tentado contratar empréstimos, adquirir produtos e realizar transações financeiras sem consentimento da vítima.
O boletim também informa que, até aquele momento, a Polícia Militar e a Polícia Civil não haviam comparecido ao local dos fatos, e que nenhuma perícia havia sido realizada. O caso foi registrado como extorsão e violência doméstica.
Mobilização nas redes sociais e apelo por providências
O caso gerou intensa mobilização nas redes sociais. Diversos moradores e usuários cobraram ações imediatas da Prefeitura de Imbituba e das forças de segurança pública. Em comentários feitos no perfil oficial da prefeitura no Instagram, internautas pediram urgência na proteção de Eduarda, alertando para o risco de feminicídio e apontando que a vítima poderia estar sendo coagida a gravar os vídeos ao lado do agressor.

Algumas pessoas relataram que outras mulheres teriam vivido situações semelhantes com André Luiz Salvador, o que reforçou os pedidos por investigação e medidas legais. Seu irmão também denunciou que recebeu mensagens de vítimas que alegaram já terem sofrido agressões do mesmo acusado.
Até o momento, não há confirmação oficial da abertura de inquérito ou da localização de André Luiz Salvador. O caso segue sem resposta pública da Polícia Civil de Imbituba.
A equipe do Imbituba.sc segue acompanhando o caso.