Sites falsos de leilões de veículos têm enganado consumidores em Santa Catarina, com diversos registros de vítimas em Imbituba e cidades vizinhas. As páginas utilizam domínios criados recentemente, como scleiloes.com, scleilao.com, scleiloes.org e imbitubaleiloes.com, e anunciam veículos com preços abaixo do mercado. Nos anúncios, o endereço informado para visitação é o km 275 da BR-101, em Alto Arroio, Imbituba, mas o local não abriga nenhum leiloeiro oficial.
A reportagem do Imbituba.sc apurou que, no endereço citado, funciona a empresa Casa do Piso, que confirmou que o suposto leilão se trata de golpe. Nas proximidades há ainda o pátio da empresa SC Remoções Imbituba, registrada como depósito de veículos, mas que supostamente não realiza leilões. Segundo relatos de moradores e vigilantes da região, várias pessoas têm comparecido ao endereço em busca de veículos anunciados nos sites, descobrindo no local que se trata de um golpe.
Alguns clientes relataram ter arrematado carros, realizado o pagamento e ao buscar o veículo no endereço informado, descobriram que se trata de um golpe.
Vítimas relatam prejuízos
No Reclame Aqui, consumidores de cidades como Florianópolis, Palhoça e Araranguá relataram perdas financeiras ao participar de supostos leilões organizados pela “SC Leilões ou Imbituba Leilões”. Entre os registros, há casos de compradores que afirmam ter pago valores entre R$ 7 mil e R$ 35 mil sem nunca receber os veículos.
Em resposta a uma reclamação no site Reclame Aqui, a suposta empresa respondeu se passando por um vigilante responsável pelo pátio em Imbituba que relatou em 2 de agosto de 2025 que, nos fins de semana, recebe com frequência pessoas que se deslocam de outras cidades para procurar pelos carros anunciados. “Logo logo vocês serão punidos, isso que vocês fazem é uma injustiça. Pessoas necessitadas vêm até de longe procurar e não encontram nada”, afirmou em comentário publicado.
Outros consumidores relataram ter sido recebidos por pessoas desinformadas no local ou direcionados a supostos responsáveis que, em seguida, confirmaram que a empresa não existe.
Domínios e páginas recentes
Os sites usados nos golpes foram criados nos últimos meses. O scleiloes.com foi registrado em dezembro de 2024, mas está fora do ar no momento da publicação desta matéria. Já o scleilao.com foi criado em 28 de agosto de 2025 e o imbitubaleiloes.com no dia 29 de agosto. Este último redireciona para o scleilao.com e anuncia um leilão de automóveis de financeiras com encerramento previsto para quinta-feira (4), sem apresentar nome de leiloeiro responsável nem edital oficial válido.
Os sites ainda utilizam números de telefone fixo com prefixo (48) que não funcionam como WhatsApp, e quando atendem, interrompem a ligação ao serem questionados sobre detalhes do leilão. Em alguns casos, consumidores relataram que, após as primeiras tentativas de contato, as chamadas passaram a não ser mais atendidas.
Respostas contraditórias
No Reclame Aqui, há respostas publicadas em nome da “SC Leilões” negando irregularidades e afirmando que outros sites estariam utilizando indevidamente sua marca “SC Leilões”. No entanto, o próprio domínio indicado nas respostas aparece vinculado aos relatos de golpe. As mensagens ameaçam processar consumidores por calúnia e difamação, o que reforça a confusão entre vítimas e golpistas.
Anúncios pagos em redes sociais
O site dos leilões tem impulsionado anúncios patrocinados no Instagram e Facebook, utilizando vídeos que mostram veículos diferentes dos listados nos leilões anunciados. Essa estratégia tem atraído consumidores de várias cidades, que acreditam estar participando de um leilão oficial.
Como identificar sites falsos de leilões
Especialistas alertam que golpes deste tipo se tornaram frequentes em todo o país. Para evitar prejuízos, os compradores devem observar alguns pontos:
- Todo leilão oficial deve ter um leiloeiro público registrado na Junta Comercial, com nome e número de matrícula disponíveis no edital;
- Sites de leilão oficiais apresentam CNPJ válido, endereço fixo e informações institucionais verificáveis;
- Preços muito abaixo do mercado são sinal de alerta;
- É fundamental confirmar diretamente no site da Junta Comercial de Santa Catarina (Jucesc) se o leiloeiro responsável é autorizado a atuar;
- Nunca realizar depósitos em contas de pessoas físicas ou sem relação com o leiloeiro oficial.
Denúncias e investigações
Vítimas já registraram boletins de ocorrência e acionaram a polícia em diferentes cidades. As investigações buscam identificar os responsáveis pelos sites e anúncios patrocinados. Até o momento, os domínios seguem no ar, divulgando novos supostos leilões.
As autoridades orientam que qualquer pessoa que tenha sido lesada registre ocorrência e reúna todas as provas, como comprovantes de pagamento, prints de conversas e cópia dos anúncios.